domingo, 7 de fevereiro de 2010

Butterflies

Silêncio ensurdecedor, mesmo com Gal na vitrolinha. Ambos calados, a chuva fina tocando o chão. Viviam tão dispersos, olhavam para o lado demais... Enganaram-se, não por mal, na contramão. Tinham a certeza de que alguém destruiria seu jardim. Mas passaram-se 3 anos e o castelo que com pedras da serra construiram ainda estava (quase) intacto. 3 anos, meu Deus, uma eternidade! E, como num balé mau ensaiado, separaram-se. Como? Só afastaram-se. Puro e simplesmente, afastaram-se. "Teu castelo só me prendeu, viu?".
Conheceram-se aonde, afinal? No Rio de Janeiro. Verão, fevereiro ardente, noites ao funk. Viram-se num desses batidões. Beijaram-se entre uma ou outra cerveja. "Você ainda vai me amar amanhã ao meio-dia?". Na manhã seguinte, num albergue barato em Ipanema, ela amanheceu vomitando os horrores. Exagerou no álcool, todos sabiam. Ele estava lá, ajudando-a. Foi aí que uniram-se - e uniram-se mais ainda quando ela passou mal pela segunda vez. Quando visitaram a bateria da Mangueira, já estavam completamente apaixonados.
E agora estavam lá, tentando arrumar desculpas para separarem-se. 
"I wanna be away from here, quando essa bomba explodir..."
Ela não suportou - desatou a chorar e correu de encontro a porta vermelha daquele pequeno apartamento de Blumenau. Mas, antes que ela chegasse onde queria, ele a segurou pelo braço:


- Dê-me uma chance e eu tornarei o mundo mais belo novamente.

De repente, o mundo ficou mais belo novamente.
"Butterfly, baby, well you've got it all".