A objetividade do noivo a assustava; queria tudo para ontem, almejava pôr as turbinas na frente do avião. A noiva teimava: "Só depois do casamento, já disse". Todos comentavam a saliência daquele noivo, por mais que aquilo, em pleno século XXI, fosse comum. Ora, quem mandou-a noivar-se com um volúvel daqueles? O pai, rigoroso aos costumes evangélicos, advertira: "Ele é do mundo, minha filha, ele é um mundano!", mas de nada adiantou. Ela não resistira àqueles olhos oblíquos, àquela voz com o sedutivo sotaque carioca, àqueles versos declamados em forma de atitudes. Mas as atitudes progrediram (ou regrediram) e agora estavam cheias das secundárias intenções. Euforia era o sinônimo daquela noiva. Fizeram de tudo para amenizar o constrangimento da pobre. Nem adiantar a data da boda dera certo: as insinuações do noivo foram tamanhas que ela teve de ceder aos seus caprichos; dera a si àquele que um dia seria seu esposo.
Estavam todos afoitos com o casório; faltavam apenas exatos trinta minutos para que as duas almas enfim tornassem-se um só espírito. O barulho do vai-e-vem de pernas naqueles corredores ("pra quê tanta perna, meu Deus?") foi de repente cessado. Súbito, um grito de dor preencheu o vazio daquele apartamento. Todos correram para o quarto da noivinha; era de lá que veio o estrondo de voz humana. Tirara a noiva seus olhos com o pente fino que não usava mais devido aos caracois de seus cabelos. Estava vestida de noiva, claro, e em seu farto colo estava escrito de batom: "Não sou pura, mas quero ser enterrada assim!".
Muito legal,adorei.
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Você é macabro, francamente Bert, que mente maligna para escrever um texto desses. -QQ Caran adorei, apesar de que eu tive certeza que ela não ia continuar muito tempo pura, haha, o final foi surpreendente.
ResponderExcluirUm beijo,
e parabéns, pra variar é claro (:
SHAUSHAUSHAUSHAUSHAUSH'
ResponderExcluir"Caso o hóspede não aproveitou dos serviços desse hotel, a equipe do Hotel de Papelão acha melhor não usufruir dos meios de comunicação aqui presentes. Atenciosamente, Bertonie e Sam.
Resumindo: não leu, dá meia-volta e abraça a pessoa mais próxima. Mas não comenta. Beijo, nos liguem."
Ri liiitros com esse aviso ;X
Achei a história legalzinha. Adoro as discrições que você faz em suas crônicas um tanto macabras, Bertonie.
Acho você um gênio e o que mais aprecio em seus textos são as entrelinhas.
Adorei. Parabéns, esse hotel de papelão supera qualquer hotel de diamante.
Beijos ;*
Menino do mundo e pai do passado, resultado, fim de loucura?
ResponderExcluirAdorei o texto, triste mas com um toque de suspense antigo, como sempre muito bem escrito.
Eu amei o texto!
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' amei esse blog *--* /
ResponderExcluire mel'deus que texto é esse ?
Hua, kkk, ha, ha, assim como cara palida?!
ResponderExcluirHua, kkk, ha, ha, imagino o como, mas é bom esmiuçar...
Fiquem com Deus, menino Bertonie e menina Sam.
Um abraço.